segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Já lá vão 20 anos, Zeca...















- "Mãe, onde foste?"
Perguntei eu um dia destes...
A minha mãe arregalou os olhos e com uma pontinha de emoção disse-me:
-"Vêr a homenagem ao Zeca Afonso..."
Ahhhhhhhh..........lembram-se?
"Venham mais cinco..."; "Eles comem tudo...", "Grândola, Vila Morena", músicas de intervencão que nos habituámos desde muito cedo a ouvir, primeiro sem perceber nada, com os pais lá em casa; soáva-nos bem a melodia. Depois a cantar... com a alma! E depois todas as outras canções que tínhamos que saber aprender e vasculhar nas entrelinhas para perceber o conteúdo!!!!
Não vivemos o 25 de Abril e tudo o que o fez despertar, mas aprendemo-lo com o Zeca.
Talvez a geração que melhor o tenha ouvido seja a pós 25 de Abril: ouvimos e aprendemos o Zeca sem censura, mas com calma, sem a paixão e o fogo da luta.
Sempre me pareceu um pensador sereno e presente.
Fui a um dos último concertos dele no Coliseu, há vinte e qq coisa anos.... teria eu 10, 11, 12, não sei bem. Relembro com clareza a emoção de um concerto desses. É, e será sempre, intemporal
Há pouco tempo atrás, um dos irmãos do Hugo (agora com 16 anos) tinha como opção, para a disciplina de Português, um livro de poemas do Zeca, para escolher entre outros 4.
Achei graça. Ainda bem. Porque temo que nos nossos dias, se não forem as escolas ou o interesse pessoal de alguns, pouco de útil os nossos jovens aprendem.
No entanto...
O verdadeiro Zeca não se aprende na escola nem nos livros de poemas, a seco!
Lamento!

sábado, fevereiro 10, 2007

"Carminho & Sandra" - Rita Ferro Rodrigues





Já leram???? Então leiam.....a mesma história.... a história da "Carminho" e da "Sandra" .
Duas raparigas, com a mesma fatalidade, o mesmo tormento.... não sei se a mesma boa vontade ou a mesma dôr e obrigação!!!!
Duas raparigas rasgadas pela sociedade; fardadas até ao fim da vida com o fardo mais duro de carregar...
Talvez nenhuma delas queira aguentar viva com a força abafadora do remorço; embora uma delas o tenha que fazer, porque nós, a mesma sociedade que lhes rasgou as entranhas, vai obrigá-la a encarar cada dia da sua míserável vida não só com o peso da sua culpa solitária, mas também com a humilhação do dedo apontado num tribunal e a impossibilidade de poder fingir que ri com gosto.
Será sempre assim, enquanto continuarmos a encerrar atrás das grades aquelas para quem, ter sobrevivido a este corte, é afinal... a maior das penas!!! Antes as grades fossem só de ferro ou aço!
As "Carminhos" deste país, ainda que sem capacidade ou apoio para poderem dar vida em vez de a tirar, podem ao menos, no sossego de um quarto aquecido, chorar, e na confusão da sala de estar, fazer de conta!
Já acabámos uma vez com a pena de morte. Foi um orgulho nacional.
VAMOS NOVAMENTE ACABAR COM A PENA DE MORTE QUE TEIMA EM PERMANECER NO NOSSO PEQUENO REINO, e dar oportunidade à vida.
Vamos votar SIM, pela despenalização destas raparigas, seja a pena legalmente oficial, ou solitariamente oficiosa. Vamos deixá-las entrar nos nossos hospitais de mão dada com as mães, interceptá-las então, e mostrar-lhes que estamos lá nós, a sociedade, para as apoiar em qualquer decisão, mas antes, dizer-lhes: NÃO TENHAS MEDO E SOBRETUDO NÃO FUJAS. AINDA PODES SALVAR UMA VIDA, CONNOSCO.
TEREMOS O MAIOR PRAZER.