quarta-feira, julho 18, 2007

LIBERDADE

Estou aqui a estudar, para dois exames que tenho amanhã, e com muito pouca vontade.

E enquanto penso nisso, (na pouca vontade) e no enorme desejo que tenho de estar sossegada sem fazer nada, lembro-me de um poema de Fernando Pessoa exactamente sobre o tema, que li não há muito tempo, num livro do Hugo...


Este homem foi um génio!



"Ai que prazer

Não cumprir um dever,

Ter um livro para ler

E não o fazer!

Ler é maçada,

Estudar é nada.

O sol doira

Sem literatura.

O rio corre, bem ou mal,

Sem edição original.

E a brisa, essa,

De tão naturalmente matinal,

Como tem tempo não tem pressa...




Livros são papéis pintados com tinta.

Estudar é uma coisa em que está indistinta

A distinção entre nada e coisa nenhuma.




Quando é melhor, quando há bruma,

Esperar por D. Sebastião,

Quer venha ou não!




Grande é a poesia, a bondade e as danças...

Mas o melhor do mundo são as crianças,

Flores, música, o luar, e o sol, que peca

Só quando, em vez de criar, seca.




O mais do que isto

É Jesus Cristo,

Que não sabia nada de finanças

Nem consta que tivesse biblioteca..."



Fernando Pessoa